terça-feira, 29 de novembro de 2011

PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA INCIANTES


01 – Como funciona a mediunidade consciente?
O médium capta o fluxo mental do Espírito, gerando idéias e sensações, como se houvesse a intromissão de outra mente em sua intimidade; como se estivesse a conversar com alguém, dentro de si mesmo.
 
02 – Ouve uma voz?
Seria fácil, mas não é bem assim. Idéias surgem, misturando-se com as suas, como se fossem dele próprio.
 
03 – Parece complicado…
E é, sem dúvida, principalmente para médiuns iniciantes, que não distinguem o que é deles e o que é do Espírito. Muitos abandonam a prática mediúnica, em face dessa incerteza, que é perturbadora.
 
04 – Como resolver esse problema?
É preciso confiar e dar vazão às idéias que lhe vêm à cabeça, ainda que pareçam embaralhadas, em princípio. Geralmente a mediunidade é desenvolvida a partir da manifestação de Espíritos sofredores, o que é mais simples. Não exige maior concatenação de idéias ou esforço de raciocínio. Cumpre-lhe, em princípio, apenas exprimir as sensações e sentimentos que o Espírito lhe passa.
 
05 – Qual o conselho para o médium que enfrenta esse impasse?
Sentindo crescer dentro de si o fluxo de sensações e pensamentos, que tomam corpo independente de sua vontade, comece a falar, sem preocupar-se em saber se é seu ou do Espírito. A partir daí o fluxo irá se ajustando. É como o motorista inexperiente na direção de um automóvel. Em princípio há solavancos, mas logo se ajusta.
 
06 – O que pode ser feito para ajudar o médium iniciante?
A participação dos irmãos do Terreiro é importante. O médium, nessa situação inicial, fica fragilizado. Sente-se vulnerável e constrangido. Qualquer hostilidade ou pensamento crítico dos irmãos, revelando desconhecimento do processo, poderá afetá-lo.
 
07 – Seria razoável aplicar passes no médium iniciante, em dificuldade para iniciar a manifestação?
O passe pode ajudar, mas devemos ser econômicos na sua utilização, a fim de evitar condicionamentos. Há médiuns que esperam pela intervenção do Pai, Mãe ou irmão no Santo, aplicando-lhes passes, a fim de iniciar seu trabalho.
 
08 – As manifestações de médiuns iniciantes são, não raro, repetitivas. Como devem agir o Pai ou Mãe e Irmãos no Santo no Terreiro?
Cultivar a compreensão e a boa vontade, considerando que o animismo, a intervenção do próprio médium, é expressivo nessa etapa do desenvolvimento. Aos poucos ele irá se ajustando, aprendendo a distinguir melhor entre suas idéias e as do Espírito.
 
09 – Vemos, com freqüência, médiuns dotados de razoáveis faculdades mediúnicas desistirem do compromisso. Há algum prejuízo?
A sensibilidade mediúnica não funciona apenas nas Giras. Está sempre presente. É na prática mediúnica, com os estudos e disciplinas que lhe são inerentes, que o médium garante recursos para manter o próprio equilíbrio. Afastado, pode cair em perturbações e desajustes.
 
10 – É um castigo?
Não se trata disso. O problema está na própria sensibilidade que, não controlada pelo exercício, situa o médium à mercê de influências negativas, nos ambientes em que circule, e de entidades perturbadas que se aproximam.

11 – Mas esse problema não está presente na vida de todos nós? Não vivemos rodeados de Espíritos perturbados e perturbadores?
Sim, e bem sabemos quantos problemas são decorrentes dessa situação, por total ignorância das pessoas em relação ao assunto. No médium afastado da prática mediúnica é mais sério, porquanto, em face de sua sensibilidade, ele sofre um impacto maior, com repercussões negativas em seu psiquismo.
 
12 – E se o médium, não obstante afastado da prática mediúnica, for uma pessoa de boa índole, caridosa, afável, bem sintonizada?
Com semelhante comportamento poderá manter relativa estabilidade, mas é preciso considerar que a mediunidade não é um acidente biológico. Ninguém nasce médium por acaso. Há compromissos que lhe são inerentes.
 
13 – O médium vem programado para essa tarefa…
Sim. Trata-se de um compromisso assumido na espiritualidade. Há um investimento no candidato à mediunidade, relacionado com estudos, planejamento, adequação do corpo. Tudo isso envolve diligentes cuidados dos mentores espirituais. Imaginemos uma empresa investindo na preparação de um funcionário para determinada função. Depois de tudo, será razoável ele dizer que não está interessado?
 
14- Mas não é contraproducente o médium participar de trabalhos mediúnicos como quem cumpre uma obrigação ou um contrato preestabelecido, temendo sanções?
As sanções serão de sua própria consciência, que lhe cobrará, mais cedo ou mais tarde, pela omissão. Para evitar essa situação é que os médiuns devem estudar a Doutrina, participando de estudos e lendo a respeito da mediunidade, a Doutrina Espírita é a melhor opção para conhecer sobre a mediunidade, mas esta deve ser direcionada pelo Pai ou Mãe no Santo, assim estará assimilando conhecimento e podendo debater a respeito.
 
15 – E se há impedimentos ponderáveis? Filhos a cuidar, cônjuge difícil, profissão, saúde…
Eventualmente isso pode acontecer, por algum tempo. O problema maior, entretanto, está no próprio médium que, geralmente, tenta justificar a sua omissão. Altamente improvável que a espiritualidade lhe outorgasse a mediunidade, sem dar-lhe condições para exercê-la.
 
16 – E quando a participação do médium gera conturbações no lar, a partir de um posicionamento intransigente do consorte?
Lamentável o casamento em que marido ou mulher pretende criar embaraços à atividade religiosa do cônjuge. É inconcebível! Onde ficam o diálogo, a compreensão, o respeito às convicções alheias? De qualquer forma, embora tal situação possa justificar a ausência do médium, não o eximirá dos problemas inerentes à mediunidade não exercitada.
 
17 – É difícil encontrar pessoas que guardam perfeita estabilidade emocional e física. Tem algo a ver com a sensibilidade mediúnica?
Tem tudo a ver. Vivemos mergulhados num oceano de vibrações mentais, emitidas por Espíritos encarnados e desencarnados. Assim como podemos ser contaminados por vírus e bactérias, também sofremos contaminações espirituais que geram alterações em nossos estados de ânimo.
 
18 – Isso explica por que as pessoas tendem a ficar deprimidas num velório e felizes num casamento?
Sem dúvida. O ambiente e as situações exercem grande influência. Lembro-me da morte de Aírton Senna. Provocou imensa comoção popular, até naqueles que não acompanhavam suas proezas no automobilismo. A emoção se expande e pode envolver multidões.
 
19 – Explica, também, as atrocidades cometidas por soldados, numa guerra?
A guerra produz lamentáveis epidemias de maldade, em face de nossa inferioridade. A crueldade tem livre acesso em corações ainda dominados pelos impulsos instintivos da animalidade. Propaga-se com a rapidez de um rastilho de pólvora.
 
20 – No lar parece acontecer algo semelhante, quando as pessoas perdem o controle e se agridem com gritos e palavrões, descendo não raro à agressão física…
Em nenhum outro lugar demonstramos com maior propriedade nossa inferioridade. No lar rompe-se o verniz social. As pessoas mostram o que são. Como não há santos na Terra, conturba-se o ambiente, favorecendo contaminações de agressividade, que envolvem os membros da casa.
 
21 – Como evitar isso?
É preciso desenvolver e fortalecer defesas espirituais, elevando nosso padrão vibratório, sintonizando numa freqüência que nos coloque acima das perturbações do ambiente.
 
22 – Como funciona essa questão da sintonia?
Tomemos, por exemplo, as ondas hertzianas, nas transmissões radiofônicas. Elas se expandem dentro de freqüência específica. Para ouvir determinada emissora giramos o dial e a sintonizamos. Nossa mente é um poderoso emissor e receptor de vibrações e tendemos a sintonizar com multidões que se afinam mentalmente conosco.
 
23 – Que providências devemos tomar para uma sintonia saudável?
Consideremos, em princípio, que ela é determinada pela natureza de nossos pensamentos. Lembrando o velho ditado “dize-me com quem andas e te direi quem és “, podemos afirmar “dize-me a natureza de teus pensamentos e te direi que influências irás assimilar”.
 
24 – Isso significa que equilíbrio e desequilíbrio, paz ou inquietação, alegria ou tristeza, agressividade ou mansuetude, dependem, essencialmente, de nós?
Exatamente. Embora nossos problemas físicos e psíquicos possam ser amplificados por influências ambientes, a origem deles está em nossa maneira de pensar e agir. Se quisermos o Bem em nossa vida, é fundamental que pensemos e realizemos o Bem.
 
25 – Que livros você indicaria para um iniciante?
É preciso levar em consideração a cultura e a familiaridade da pessoa com a literatura. Se for alguém habituado, com facilidade de concentração, deve ler, inicialmente, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nessas três obras de Allan Kardec, temos, na mesma ordem, o tríplice aspecto do Espiritismo: Filosofia, Ciência e Religião, estes nasceram não para a Religião Espiritismo e sim para todos que crêem na existência dos espíritos, mas para aceitação inicial da espiritualidade e conhecimento especifico dentro da Umbanda, cabe ao iniciante conhecer Tambores de Angola, Aruanda de Robson Pinheiros, nos dá uma noção da Umbanda no Astral Superior, não esquecendo de forma alguma informar ao seu Pai ou Mãe no Santo, sobre seus estudos, pois este estará disposto a lhe responder futuras dúvidas a respeito de seu estudo, infelizmente a Umbanda ainda não existe um livro que possamos pegá-lo como base de estudo para todos, pois a verdade dos Terreiros de Umbanda é que cada Casa atribui sua Doutrina e esta deve ser respeitada pelo iniciante, damos sempre como base a Doutrina Espírita, pois a mesma nasceu para ensinar a todos sobre a Espiritualidade.
 
26 – O que é o animismo?
Na prática mediúnica é algo da alma do próprio médium, interferindo no intercâmbio. Kardec empregou o termo sonambulismo, explicando, em Obras Póstumas, quando trata da manifestação dos Espíritos, item 46: O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; sua própria alma é que, em momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos. O que ele exprime, haure-o de si mesmo…
 
27 – O animismo está sempre presente nas manifestações?
O médium não é um telefone. Ele capta o fluxo mental da entidade e o transmite, utilizando-se de seus próprios recursos. Sempre haverá algo dele mesmo, principalmente se for iniciante, com dificuldade para distinguir entre o que é seu e o que vem do Espírito.
 
28 – Existe um percentual envolvendo o animismo na comunicação? Digamos, algo como quarenta por cento do médium e sessenta por cento do Espírito?
Se o animismo faz parte do processo mediúnico, sempre haverá um porcentual a ser considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do médium. Geralmente os iniciantes colocam mais de si mesmos na comunicação. Quando experientes, tendem a interferir menos.
 
29 – Pode ocorrer uma manifestação essencialmente anímica, sem que o próprio médium perceba?
É comum acontecer, quando está sob tensão nervosa, em dificuldade para lidar com determinados problemas de ordem particular. As emoções tendem a interferir e ele acaba transmitindo algo de suas próprias angústias, em suposta manifestação.
 
30 – Seria uma mistificação?
Não, porque não há intencionalidade. O médium não está tentando enganar ninguém. É vítima de seus próprios desajustes e nem mesmo tem consciência do que está acontecendo.
 
31 – E o que deve fazer o Pai/Mãe no Santo quando percebe que um Filho no Santo está entrando nessa faixa?
É preciso cuidado. O Pai/Mãe no Santo menos avisado pode enxergar animismo onde não existe. Se a experiência lhe disser que realmente está acontecendo, deve conversar com o médium, em particular, saber de seus problemas e encaminhá-lo às giras de desenvolvimento e ou tratamento espiritual. Toda a atenção dos Pais/Mães no Santo devem ser direcionada a este Filho e estar atento a esta mediunidade, é comum percebermos que pela ignorância (do saber) é mais fácil deixá-lo de lado, ou ainda excluí-lo do corpo mediúnico, muitas das vezes estes são execrados dos Terreiros, não por ser um animista e sim pelo desconhecimento do Pai/Mãe no Santo sobre o assunto. Se persistir o problema, o médium deve ser orientado a participar das giras como suporte, auxiliando nos trabalhos.
 
32 – Quando é que o Pai/Mãe no Santo deve preocupar-se com o animismo?
Quando ocorre a manifestação de um espírito que se diz orientador. É preciso passar o que diz pelo crivo da razão, distinguindo não apenas um possível animismo, mas, também, uma mistificação do Espírito comunicante.
 
33 – O médium que se sinta enfermo deve resguardar-se, deixando de comparecer à gira?
Depende do tipo de problema que esteja enfrentando. Se fortemente gripado, febril, é conveniente que se ausente, resguardando também os irmãos, que podem contrair seu mal. Mas há sintomas físicos e psíquicos que apenas revelam a proximidade de Espírito sofredor, não raro trazido pelos mentores espirituais para um contato inicial, a favorecer a manifestação.
 
34 – Nesse caso, mesmo não se sentindo bem, o médium deve comparecer?
Sim, porque o que está sentindo é parte de seu trabalho, exprimindo as angústias e sensações do Espírito, relacionadas com a doença ou os problemas que enfrentou na vida física.
 
35 – Isso significa que uma dor na perna, por exemplo, pode ter origem espiritual?
É comum. Acontece principalmente com o médium que tem sensibilidade mais dilatada. Ao transmitir a manifestação de um Espírito que desencarnou por problema circulatório, cuja perna gangrenou, tenderá a sentir dor semelhante, não raro antes da reunião, devido à aproximação da entidade.
 
36 – Ocorre o mesmo em relação às emoções?
É freqüente. Sintonizado com o Espírito, o médium capta o que vai em seu íntimo. Se a entidade sente-se atormentada, aflita, tensa, nervosa ou angustiada, experimentará algo dessas emoções.
 
37 – E se o médium, imaginando que esses sintomas físicos e emocionais estão relacionados com seus próprios problemas, decide não comparecer à reunião?
Se alguém nos confia um doente para levá-lo ao hospital, e decidimos instalá-lo em nossa casa, assumiremos o ônus de cuidar dele. Certamente nos dará muito trabalho, principalmente se for um doente mental.
 
38 – É possível que essa ligação com entidades perturbadas ocorra independentemente da iniciativa dos mentores espirituais?
É o que mais acontece. Vivemos rodeados por Espíritos destrambelhados, sem nenhuma noção da vida espiritual, que se agarram aos homens, como náufragos numa tábua de salvação. Nem é necessário ter mediunidade ostensiva. Todos estamos sujeitos a sofrer essa influência.
 
39 – Digamos que o médium receba influência dessa natureza na segunda-feira e só comparecerá ao Terreiro no sábado. Sofrerá durante a semana toda?
Com a experiência e a dedicação ao estudo ele aprenderá a lidar com esse problema, cultivando a oração e dialogando intimamente com a entidade que, com o concurso de mentores espirituais, será amparada.
 
40 – Devemos informar a esse respeito pessoas que procuram o Terreiro, perturbadas por tais aproximações?
É preciso cuidado. Pessoas suscetíveis, que guardam idéias equivocadas, relacionadas com influências demoníacas, podem apavorar-se. Nunca mais porão os pés no Terreiro.
 

Retirado do Livro: MEDIUNIDADE – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER  
por:RICHARD SIMONETTI

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Umbanda, meu caminho


Não direi mais "não posso", pois Ogum me trará a persistência,
Determinação e tenacidade para conseguir.

Não direi mais "não tenho", pois Oxossi me dará a energia vital
para trabalhar e obter.

Não direi mais "não tenho fé", porque Omulu me ensinará
a compreender e aceitar meu karma.

Não direi mais "sou fraco", porque Oxum me trará equilíbrio emocional,
Iemanjá a auto-estima e Iansã clareza de raciocínio
para que eu entenda as minhas limitações.

Não direi mais "não sei", pois Xangô me trará o conhecimento,
para que eu o use com discernimento e justiça.

Não direi mais "estou derrotado", porque aprendi com cada entidade
da Umbanda que nada supera a força de sermos filhos de Deus.

Não direi mais "estou perdido", pois encontrei a Umbanda,
que com a luz do amor e da caridade,
iluminou minha alma e me deu um caminho.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Parabéns Umbanda

Em 15 de novembro de 1908, compareceu a uma sessão da Federação Espírita, em Niterói, então dirigida por José de Souza, um jovem de 17 anos de tradicional família fluminense. Chamava-se ZÉLIO FERNANDINO DE MORAES. Restabelecera-se, no dia anterior, de moléstia cuja origem os médicos haviam tentado, em vão, identificar. Sua recuperação inesperada por um espírito causara enorme supressa. Nem os doutores que o assistiam nem os tios, sacerdotes católicos, haviam encontrado explicação plausível. A família atendeu, então, à sugestão de um amigo, que se ofereceu para acompanhar o jovem Zélio à Federação.
Zélio foi convidado a participar da Mesa. Zélio sentiu-se deslocado, constrangido, em meio àqueles senhores. E causou logo um pequeno tumulto. Sem saber por que, em dado momento, ele disse: "Falta uma flor nesta casa: vou buscá-la". E, apesar da advertência de que não poderia afastar-se, levantou-se, foi ao jardim e voltou com uma flor que colocou no centro da mesa. Serenado o ambiente e iniciados os trabalhos, manifestaram-se espíritos que se diziam de índios e escravos. O dirigente advertiu-os para que se retirassem. Nesse momento, Zélio sentiu-se dominado por uma força estranha e ouviu sua própria voz indagar por que não eram aceitas as mensagens dos negros e dos índios e se eram eles considerados atrasados apenas pela cor e pela classe social que declinavam. Essa observação suscitou quase um tumulto. Seguiu-se um diálogo acalorado, no qual os dirigentes dos trabalhos procuravam doutrinar o espírito desconhecido que se manifestava e mantinha argumentação segura. Afinal um dos videntes pediu que a entidade se identificasse, já que lhe aparecia envolta numa aura de luz.
Se querem um nome - respondeu Zélio inteiramente mediunizado - que seja este: eu sou o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, porque para mim não haverá caminhos fechados.
E, prosseguindo, anunciou a missão que trazia: estabelecer as bases de um culto, no qual os espíritos de índios e escravos viriam cumprir as determinações do Astral. No dia seguinte, declarou ele, estaria na residência do médium, para fundar um templo, que simbolizasse a verdadeira igualdade que deve existir entre encarnados e desencarnados.
Levarei daqui uma semente e vou plantá-la no bairro de Neves, onde ela se transformará em árvore frondosa.
No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na residência da família do jovem médium, na Rua Floriano Peixoto, 30 em Neves, bairro de Niterói, a entidade manifestou-se pontualmente no horário previsto - 20 horas.
Ali se encontravam quase todos os dirigentes da Federação Espírita, amigos da família, surpresos e incrédulos, e grande número de desconhecidos que ninguém poderia dizer como haviam tomado conhecimento do ocorrido. Alguns aleijados aproximaram-se da entidade, receberam passes e, ao final da reunião, estavam curados. Foi essa uma das primeira provas da presença de uma força superior.
Nessa reunião, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS estabeleceu as normas do culto, cuja prática seria denominada "sessão" e se realizaria à noite, das 20 às 22 horas, para atendimento público, totalmente gratuito, passes e recuperação de obsedados. O uniforme a ser usado pelos médiuns seria todo branco, de tecido simples. Não se permitiria retribuições financeiras pelo atendimento ou pelos trabalhos realizados. Os cânticos não seriam acompanhados de atabaques nem de palmas ritmadas.
A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome de UMBANDA, e declarou fundado o primeiro templo para sua prática, com a denominação de tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, porque: "assim como Maria acolhe em seus braços o Filho, a Tenda acolheria os que a ela recorressem, nas horas de aflição".
Através de Zélio manifestou-se, nessa mesma noite, um Preto Velho, Pai Antônio, para completar as curas de enfermos iniciadas pelo Caboclo. E foi ele quem ditou este ponto, hoje cantado no Brasil inteiro: "Chegou, chegou, chegou com Deus, Chegou, chegou, o Caboclo das sete Encruzilhadas".
A partir desta data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de enfermos, crentes, descrentes e curiosos.
Os enfermos eram curados;
os descrentes assistiam as provas irrefutáveis;
os curiosos constatavam a presença de uma força superior;
e os crentes aumentavam dia a dia.
Cinco anos mais tarde, manifestou-se o Orixá Malé, exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra.
Passados dez anos, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS anunciou a Segunda etapa de sua missão: a fundação de sete templos, que deveriam constituir o núcleo central para a difusão da UMBANDA.

Hoje somos muitos no Brasil e no exterior.
Somos todos aprendizes.
Vibrem AMOR.

 Parabéns aos Umbandistas de coração! A todos aqueles que não se escondem com vergonha da religião; aqueles que praticam todos os dias a Umbanda que o nosso amado Caboclo das Sete Encruzilhadas muito humildemente ensinou! A Umbanda é mais que uma religião, é um modo de vida! É uma prática diária de AMOR, CARIDADE e FÉ. É um despertar para a espiritualidade e aceitar uma mudança na nossa caminhada. A TODOS os Umbandistas parabéns pelo caminho tomado até aqui, que possamos seguir neste caminho de fé muitos mais anos. Às nossa amadas Entidades e Espíritos de Luz, um MUITO OBRIGADO por nos revelarem não só esta religião tão linda que é a Umbanda, como também por nos guiarem e nos ajudarem a erguer e a caminhar com a bandeira de Oxalá.

Axé da Umbanda, Paz e Luz, sempre.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011


"A felicidade é como um perfume....
quando você o passa nos outros,
fica um pouco do cheiro em suas mãos."

Mediunidade

 
Uma das maravilhas, uma das “coisas” que mais fascinam e ao mesmo tempo assustam as pessoas em um templo de Umbanda são as incorporações. É o fenômeno mediúnico, a cessão do corpo e da mente de um médium a outra inteligência, a outro espírito. 
 
Mas antes de falarmos propriamente da mediunidade nos terreiros, a mediunidade da Umbanda é preciso conceituar a mediunidade, ou tentar fazê-lo. Nome criado pelo codificador do espiritismo ao trabalhar com o termo meio, intermediário.
 Ou seja, o médium é o intermediário, aquele que percebe, que capta, que sente a presença das energias, dos espíritos desencarnados, ou melhor, de espíritos, de seres e de energias de outros planos astrais. 


Como se pode observar a mediunidade apesar de assim determinada por Kardec no final do século XIX é fenômeno muito mais antigo, sendo provavelmente tão antigo quanto a existência da vida em nosso planeta. Os profetas do antigo testamento, Jesus Cristo, Moisés, Buda, Confúcio, e tantos outros personagens de nossa história com certeza são exemplos de médiuns. 

Isto nos traz uma indagação: existe alguém que de uma forma ou de outra não tenha alguma interação, ou que não sofra nenhuma influência de outros planos, dos espíritos, para não ser considerado médium? 

Certamente que a resposta será negativa. De uma forma ou de outra sempre seremos influenciados, e sentiremos a presença de outras energias e espíritos, por isso que se fala que todos os seres humanos são médiuns. 

Mas, você poderá perguntar: “se todos somos médiuns, todos poderemos trabalhar com a nossa mediunidade? Receber espíritos? Nos comunicarmos com eles de forma direta e inteligível?” E é neste ponto que precisamos fazer uma diferença. 

Existirão aqueles em que suas mediunidades serão afloradas de uma tal forma que, seja por meio da incorporação, da visão, da escrita, da intuição, etc., ele ou ela poderão traduzir a vontade, as palavras, a força, as necessidades dos seres de outros planos astrais, e assim dos desencarnados (espíritos que já estiveram encarnados) de uma forma inteligível, e outros não conseguirão assim proceder. Assim digo que os médiuns que por uma das diversas formas de mediunidade possam expressar o pensamento de outros seres de outros planos são os médiuns de trabalho. 

Isto não quer dizer em hipótese nenhuma que esses médiuns de trabalho possuem um dom, uma dádiva. Pois a mediunidade não é um presente, uma benesse divina para alguns escolhidos. 

É sim uma faculdade que Deus por meio dos Orixás dá a alguns indivíduos para que por meio desta faculdade possam resgatar suas dívidas, ao mesmo tempo em que levam a vontade e a força dos Orixás, que permitem que espíritos menos evoluídos possam receber ajuda e energias divinas. Ou seja, ser médium não faz de ninguém um ser melhor, não é o mais especial, ou o mais abençoado, é um espírito igual a todos, e como todos, deve buscar um caminho para abdicar de suas vaidades, orgulhos e de seu egoísmo. É um ser que dentre inúmeras ferramentas que os Orixás nos dão, recebe a ferramenta chamada mediunidade. 

Mas, ao mesmo tempo em que não é um dom, com certeza é uma responsabilidade, pois deverá fazer bom uso de sua faculdade. Se a mediunidade é um instrumento, uma ferramenta cabe a nós, médiuns, utilizá-la com muita fé, amor e responsabilidade.
Seguindo nossa abordagem sobre este tema tão interessante, é preciso darmos ao menos uma pincelada sobre os tipos de mediunidade. 

A mediunidade poderá se manifestar de inúmeras formas, ou seja poderemos perceber e entender a atividade mediúnica das seguintes maneiras: 

a) A intuição, a mais primária e primordial manifestação da mediunidade. A intuição é quando captamos de uma outra inteligência de uma outra mente que não a nossa alguma informação ou aviso. É aquela voz que se forma no fundo de nossas mentes, uma idéia relâmpago, que do nada surge, mas que sabidamente parece que nos foi assoprada. Um exemplo da intuição se deu comigo: em uma ocasião eu e minha esposa, na época minha namorada, estávamos parados no sinal vermelho em uma ladeira. Um pouco antes do sinal abrir veio uma vontade de deixar o carro descer de ré a ladeira, e assim o fiz. Parei, e como se algo me dissesse demorei alguns segundos para arrancar o carro quando o sinal abriu. Mas foi o suficiente para evitar um grave acidente. Um veículo grande furou o sinal em alta velocidade. Se eu não tivesse deixado o carro descer, ou mesmo se arrancasse imediatamente ao ver o sinal verde, muitas coisas estariam diferentes hoje. Saber ouvir e interpretar estes pequenos avisos é um dos grandes desafios de todos nós. Quem não tem uma história parecida que antes de fazer alguma coisa não escutou um aviso e não deu bola e algo aconteceu? 

b) Outra forma da mediunidade é a própria percepção sensorial, a sensibilidade. Ou seja, é a capacidade de sentirmos a presença de outros espíritos, de sentirmos as energias, e que tipo de energias estão naquela localidade naquele momento. É aquela situação em que entramos em uma casa e apesar de tudo estar bonito, organizado, algo nos oprime, nos angustia, pesa em nossos ombros e cabeças. Ou então quando adentramos em local que apesar de estranho, e desajeitado sentimos uma paz, um conforto, uma força positiva nos inundando. Ou então quando vamos ao mar e sentimos sua força, adentramos nas matas, ou adentramos num açougue, numa festa mais radical. Quem percebe estas diferenças possui uma sensibilidade mediúnica.

c) A vidência. Vidência é a capacidade de enxergar, de visualizar os espíritos, seres ou objetos de outros planos. É aquela forma de mediunidade que muitos temem, se apavoram e pedem para não ter com medo de encontrarem em suas camas e quartos outros espíritos. A vidência é assim a capacidade de visualizar o outro plano. Digo visualizar porque a vidência poderá ser mental (formação das imagens, dos espíritos, etc. na mente, não precisando a pessoa estar de olhos abertos) ou então poderá ser expressa pelos olhos físicos, ou seja a pessoa vê, enxerga o outro planos como enxergamos este texto no computador ou no papel. 

d) A clarividência, é assim uma especificidade da vidência, que pode ser entendida como a capacidade de enxergar situações que acontecerão no futuro. 

e) A psicografia, ou a mediunidade da escrita é outra forma. São aqueles momentos em que os médiuns por meio de caneta, lápis e papel e hoje alguns por meio do próprio teclado do computador, conseguem dar vazão a idéias e pensamentos, conseguem descrever situações, orações e acontecimentos ditados por outros seres. 

f) A psicofonia, ou a mediunidade da fala. Ou seja, a mediunidade que se expressa por meio das cordas vocais. O médium descreverá, ou passará os pensamentos dos espíritos por meio de sua fala. 

g) A mediunidade de materialização ou de efeitos físicos, ou seja a capacidade de dar forma visível e palpável a objetos, energias e espíritos de outros planos, ou mesmo a capacidade de desmaterializar, ou seja de fazer com que determinado pedaço de matéria deixe de existir. É a mediunidade usada nas curas físicas, ou nas aparições coletivas. 

h) Ainda existirá a mediunidade das pinturas, composição de músicas, escrita direta, entre outras formas que não são tão usuais na Umbanda. 

i) E é claro a mediunidade de incorporação, que não é o mesmo que psicofonia, pois é a capacidade de se permitir que um espírito use seu corpo (movimentos) e sua fala de uma só vez. A mediunidade de incorporação é a mais usual e facilmente identificada em um terreiro de Umbanda.

Percebam que eu me dirijo a formas de mediunidade e não de médiuns. Não se pode dizer que existam médiuns videntes, médiuns de incorporação, e assim por diante. Médium é médium, poderá sim ter mais facilidade para praticar e exercer uma determinada mediunidade, mas em algumas situações ou em alguns momentos da vida poderá ver surgir outras formas de mediunidade. Pois como ser médium é ser um intermediário, a forma como isto se dará não é o mais importante, e poderá ser alterada durante uma jornada na Terra.
Depois de entendermos que a mediunidade se manifesta e pode ser perceptível de várias maneiras, e entendermos que os médiuns são intermediários, tradutores das mensagens de outros planos astrais, passamos a estudar os tipos de médiuns.
 
Os médiuns podem ser classificados em conscientes, inconscientes e semi-conscientes.
 
Os médiuns conscientes são aqueles que percebem de forma plena tudo enquanto estão em exercício da mediunidade. Assim vão se lembrar do que viram, ouviram, escreveram, etc.. Mesmo durante a incorporação estarão com o pleno domínio de suas faculdades materiais, podendo interferir a qualquer momento na manifestação mediúnica. De uma forma geral todos os médiuns de Umbanda começam suas incorporações de forma consciente. Alguns com o passar do tempo passam a ser semi-conscientes.
 
Os médiuns semi-conscientes são aqueles em que apesar de lembrarem de suas manifestações, perdem em muito a noção de tempo, não têm 100% do domínio de sua fala e corpo. Mas isto não quer dizer descontrole, apenas que os movimentos são feitos e as falas professadas e a escrita realizada de forma simultânea, como se assistissem seu movimentos.
 
Os médiuns inconscientes são aqueles que durante as atividades mediúnicas perdem completamente a consciência, como se dormissem um sono profundo. Não há qualquer vestígio de memória no período da manifestação. Este tipo de médium é muito raro e está fadado a extinção, pois o importante é que o médium durante seu trabalho possa também receber os ensinamentos. Além da garantia que se tem contra as mistificações.
 
Na psicografia e na pintura/escultura mediúnica poderá ainda existir outra forma de médiuns que são os médiuns mecânicos, que apesar de manterem sua consciência estarão escrevendo ou pintando sem sequer ter noção do que estão fazendo. É como se os braços ou pés se movimentem sem a vontade mental do médium.