sexta-feira, 9 de março de 2012

Para que serve a Trunqueira?


Lá na porteira eu deixei meu Sentinela!”
Não podemos esquecer de saudar a tronqueira e os exus guardiões quando adentramos nos templos.
Muitos são, os que chegam a um templo de Umbanda e reparam naquelas casinhas, chamadas de tronqueira, existentes na porta.
Este recurso é, no templo, um ponto de força onde está firmado (ativado) o poder dos guardiões que militam em dimensões a nossa esquerda.
A tronqueira é um portal de polaridade negativa absorvedora e esgotadora fazendo exatamente a justa posição com o altar (conga) que é um portal de polaridade positiva irradiadora.
Dizem alguns clarividentes que, no astral, esse portal de força assemelha-se a um vórtice que “suga” e que impede as forças hostis de se servirem do ambiente religioso de forma deturpada.
Cada pessoa que entra em uma casa de Umbanda traz consigo seu “saco de lixo” cheio (são seus pensamentos mesquinhos, suas raivas, suas desilusões…) e muitas destas energias obscuras e alguns espíritos desorientadas não conseguem nem se aproximar dos Terreiros de Umbanda, pois os Guardiões da Tronqueira ficam encarregados de juntarem todos estes “sacos” para descarregar, dando a cada um de nós a oportunidade de diminuirmos o nosso lixo e facilitando nossas próximas limpezas.
A força da tronqueira advém dos elementos ativados no astral que são instrumentos dos mistérios dos Exús e Pombagiras. São sempre guiados pela Lei Maior e pela Justiça Divina para beneficiar os trabalhos espirituais realizados no terreiro como anulação de forças negativas, recolhendo e encaminhado seres trevosos, protegendo e muitas vezes abrindo caminhos e curando. Alguns exemplos de elementos dispostos são:  tridentes, punhais, velas, ervas, pedras, bebidas, entre outros.
Existem outros tipos de elementos, que são velados. Isto é necessário, para manter o devido resguardo dos trabalhos do templo, evitando até que pessoas dêem mau uso a forças tão importantes.
É importante que os médiuns e que toda a assistência saibam da importância de uma tronqueira e que todos entendam que este ponto de força está sobre as ordens da Lei Maior.
Quando alguém deturpa este ponto de força, usando-o de forma negativa, este se torna um portal negativo. Este tipo de procedimento não é da Umbanda e sim de seitas que muitas vezes se utilizam do nome da nossa religião.
Não podemos nunca esquecer de saudar, de forma respeitosa, a tronqueira e os exus guardiões, quando adentramos nos templos.


Palavras de um Exu Guardião da Tronqueira

Da entrada do terreiro observo os trabalhos. Os médiuns ocupam seus lugares. Velas já firmadas. Pontos irradiando.
Todos integrantes começam a bater cabeça enquanto a vibração dos pontos cantados e tocados pelos atabaques diversificam-se pelo salão. O dirigente recebe as coordenadas. Os mentores e guias irmãos ficam preparados.
Na assistência esperam consulentes, pessoas que frequentam a casa assiduamente, outros vindos pela primeira vez indicados por amigos. Umas pessoas estão emocionadas, não sabem explicar. Eu sei…são seus mentores que se fazem presentes.
Outras estão suando, passando mal, agoniadas, querendo sair. Espíritos trevosos vieram com elas, mas entendendo onde estão agora, prezam para sair antes que sejam capturados e resgatados. Com certeza não poderão sugar mais energias das pessoas que acompanham no plano terreno.
O dirigente inicia os trabalhos.Na corrente um médium bambea, parece que vai cair. Observo seu caboclo ao lado.
O médium é iniciante, não está totalmente integrado ao seu guia. Com fé e paciência, com o tempo, certamente incorporará seu caboclo. Demais médiuns da corrente já incorporaram.
O caboclo chefe manifesta-se no dirigente igual a primeira vez quando trouxe as primeiras mensagens.
Na sequencia que outros caboclos chegam a energia positiva se multiplica. A egrégora é fortificada.
Estes caboclos durante os passes retiram da assistência os obsessores, eguns e kiumbas.
Limpam as pessoas perturbadas e um jeito sério e fraterno transmitem paz e segurança. Consequentemente levando esperança a muitas pessoas que têem em mente que seria o ´´último “lugar que procurariam ajuda na sua agonia. Agora sentem-se aliviadas.
Digo por experiência que em breve algumas delas estarão manifestando seus guias.
Todavia acostumado ver esta situação sempre me emociono.
De onde estou continuo a acompanhar os trabalhos.
Na assistência uma jovem que permanecia sentada, de repente levanta-se e pôe a vociferar.
Moça de voz melodiosa e serena transforma-se totalmente. Sua voz fica grave e arrogante.
Ela tenta agredir os cambonos da casa, que são médiuns auxiliares, habitualmente conduzam os necessitados para o salão principal onde são realizados os trabalhos.
O kiumba que acompanha a jovem é perigoso e ao cruzar a entrada: grita e xinga tentando machucar a moça possuida.
Tudo isso devido ela ter se afinizado com ele, pensando negativamente, acompanhando amigas em lugares de baixas vibrações, tomar atitudes contrárias ao modo que foi bem criada, permanecer ao lado de uma pessoa que não entende a caridade, entre outras situações.
Os caboclos alertas abrem a roda. Os atabaques soam em ritmo apropriado para a descarga energética.
O caboclo chefe olha para outro irmão de luz, que entendendo rodeia a moça criando um campo de força para que ela não se machuque. O caboclo da moça também irradia com força sobre ela.
Chegou minha hora, aproximo-me tranquilamente. O kiumba desesperado tenta evitar meu olhar.
Não percebeu, mas já teve suas forças exauridas pelos elementos dos trabalhos.
Sorrindo vou em sua direção. Ele ofende, grita e esbraveja.
O caboclo ordena pelo meu apoio.
Dou um salto na qual encosto a lâmina de minha espada no pescoço do kiumba. Domino-o com facilidade. Chamo outros guardiões que o amarram e colocam no liame, á beira de um círculo de velas. Durante os estudos os médiuns chamam de Mandala Ígnea. Um portal magístico.
O kiumba se joga dentro. Preferiu ser resgatado a uma dimensão paralela, para seu próprio aprendizado e evolução.
Foi esperto… se ficasse iria perder a garganta.
Outros kiumbas menores também são capturados e levados a lugares de merecimento.
A moça volta ao estado normal. Algumas pessoas da assistência comentam que as velas em poucos minutos queimaram muito rápido, estão no fim, faltando pouco para acabarem. Os menos entendidos colocam a razão num vento que não existiu ou na parafina que poderia ser fraca.
Não sabem eles o trabalho benéfico que se faz no astral durante o tempo que permanecem sentados.
Acham muito o tempo para espera. Eu acho pouco o tempo para trabalho.
Enfim, nós mentores e guias fazemos o que podemos segundo necessidade e merecimento de cada um.
Os caboclos acabam os descarregos tirando os resíduos e agradecem meu auxílio.
Volto ao meu lugar na tronqueira e observo o fim dos trabalhos.
Minhas velas, charutos e marafos estão firmados para segurança.
Os trabalhos terminam, todos se vão felizes.
E eu na porteira estou…Sentinela.

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