Para tentar explicar como
se dá a comunicação entre os planos espiritual e material,
grosseiramente, podemos imaginar essa comunicação através de
frequências.
O rádio, a TV, o celular
são exemplos. Estes aparelhos emitem frequências deum ponto, o
transmissor, até outro ponto, o receptor. As frequências não se cruzam
porque uma é mais forte do que a outra. O receptor recebe apenas a
frequência na qual está programado.
Analogamente,
se imaginarmos que nossos pensamentos são como frequências e as
vibrações emitidas pelos espíritos também são frequências, podemos dizer
que são essas frequências que ligam espíritos e matéria, onde
conseguimos nos conectar com os espíritos de acordo com nossos
pensamentos e atitudes, logo, pensamentos baixos atraem espíritos de
camadas mais inferiores do plano espiritual, e pensamentos mais
elevados, atraem espíritos mais elevados.
Quando
nos dirigimos ao terreiro, dependendo de como foi nosso dia, nossa
semana, nós estamos vibrando numa frequência tal que pode interferir nos
trabalhos, ajudando ou atrapalhando. Um dia vivido em torno de brigas e
discussões, alimentação pesada, pensamentos voltados para o ódio, má
conduta, etc, deixam a frequência muito baixa, atraindo espíritos que
vibram numa esfera mais baixa, e isso faz com que o trabalho seja
prejudicado.
Um
dia bem vivido, trabalhado e participativo nas coisas particulares, uma
boa alimentação, bons pensamentos, preparação mental para a gira, faz
com que nossa frequência fique mais elevada, atraindo espíritos de
esferas mais elevadas.
Para
que os trabalhos não sofram variações excessivas de frequências, para
que se evitem a atração de espíritos de esferas inferiores e para o bom
andamento da gira, é usado um artifício que acelera o processo para que
todos, ou pelo menos a maioria, se concentrem no trabalho e eliminem
pensamentos mais baixos, que é de cantar.
Com
o canto, logo de início, todos começam a cantar juntos, e isso faz com
que a vibração das pessoas se equalize mais rapidamente.
Quanto mais cantamos, mais
rapidamente elevamos o nível de frequência das pessoas, fazendo com que,
momentaneamente, os problemas, a baixa autoestima, as preocupações,
sejam esquecidos, pois todos começam a prestar atenção no trabalho que
está sendo realizado e isso ainda ajuda a absorver as informações que
estão sendo passadas.
Com a frequência
estabilizada, os espíritos conseguem se aproximar mais facilmente de
nós, permitindo assim que o trabalho transcorra com mais facilidade e de
acordo com o pretendido pelos planos espiritual e material.
Para
acelerar mais ainda o processo, usa-se o atabaque, pois o som emitido
pelo atabaque ajuda a igualar o ritmo cardíaco de todas as pessoas no
terreiro, fazendo com que, por exemplo, para quem chega muito afobado, o
ritmo cardíaco é normalizado, diminuindo a afobação, ou para quem chega
muito para baixo, com o aumento do ritmo cardíaco, ajuda na elevação da
autoestima. Com base nisso, por estarmos cantando e batendo palmas,
além de estarmos mudando nossa frequência, também estamos praticando
caridade, por já estar ajudando outras pessoas.
Com
todos participando, cantando, o clima do terreiro já fica muito
melhor, pois todos estão ajudando, focados num mesmo objetivo.
No plano espiritual, os
guias preparados para o trabalho, aguardam nossa vibração equilibrar-se
com a vibração deles, e assim que nossas frequências começam ase
igualar, eles se aproximam e iniciam o processo de incorporação.
Quando
começamos a cantar os pontos dos guias que trabalharão na gira, estamos
dizendo para os guias que já estamos prontos e podemos começar a
incorporar.
Normalmente, no processo de
incorporação, os guias cantam, muitas vezes para si, para que seja mais
fácil ainda, e no caso de um guia estar trabalhando no desenvolvimento
de um cambone, o guia canta para o cambone ouvir o ponto e elevar sua
frequência para facilitar a incorporação.
Cantamos
pontos para ajudar a desincorporação, facilitando assim a “subida” dos
guias que levam com eles todo e qualquer tipo de fluído ou influência
que possa atrapalhar o médium.
Os
pontos cantados trazem mais energia do que podemos imaginar. Quando
feitos pelos guias, são conhecidos como “pontos de raiz” e as palavras
não podem ser mudadas, pois toda a “mironga” feita pelo guia está nas
disposições das palavras. Quando feita pelo homem, as palavras podem ser
mudadas e adaptadas para que fiquem bem arranjadas.
Se
prestarmos atenção, alguns pontos parecem não fazer sentido, mas quando
cantados, no ritmo certo, acabamos fazendo as “mirongas” que estão
escondidas nos pontos. É por isso que alguns pontos possuem palavras
conjugadas de maneira errada ou em tom bem caipira, pois essas palavras
foram inseridas nos pontos propositalmente, para poder servir como
“palavras mágicas” a serem proferidas por todos, ou seja, os sons que
essas palavras produzem é que produzem os efeitos requeridos.
Alguns
pontos, quando entoados, podem afastar diversos males, como espíritos
obsessores ou pessoas que tentam derrubar o terreiro.
Há pontos de saudação,
para defumação, para firmeza, para afastar quiumbas, para descarrego,
para despedida, para cruzamento de linhas, para cruzamento de falanges,
etc. Cada um deve ser cantado de acordo com sua finalidade para o bom
andamento do trabalho.
Os
atabaques não são simplesmente caixas de madeira com um couro para se
batucar, eles são preparados e energizados para o trabalho logo que são
trazidos para o terreiro. São feitos os primeiros preparos de limpeza do
atabaque; em seguida, o guia chefe da casa cruza o atabaque iniciando o
processo de energização que será depositada sobre o atabaque.
Normalmente
em um terreiro, os atabaques são múltiplos de três, mas são os guias
que definem o número correto a ser utilizado nos trabalhos. O maior dos
atabaques é o Rum, destinado ao guia que rege a casa; o segundo, é o
Rumpi, destinado ao segundo guia que rege a casa ou ao guia que rege a
coroa do pai ou mãe-de-santo fundadores do terreiro; o terceiro, e o
menor deles, é o Lé, muitas vezes destinado à Exu ou a um guia
homenageado pela casa. As ordens dos donos de cada atabaque sãodefinidas
pelos guias que regem o terreiro, podendo eles alterar essa disposição.
O
Rum serve para dar os primeiros toques nos pontos, repicar e conduzir
os trabalhos. O Rumpi dá o ritmo do toque, mantendo a harmonia. O Lé
sege sempre os toques do Rumpi.
Se
um ogan de outro terreiro visitar a casa, este deve pedir autorização
ao guia chefe para poder tocar o atabaque, o ogan é que lhe direcionará
ao atabaque próprio para receber um convidado(normalmente não é
permitido ao convidado tocar no Rum).
Cada ogan tem sua função nas giras, além de tocar os atabaques e facilitar a corrente
de energias. Os ogans sempre voltam sua atenção ao que acontece dentro
do Abaçá, mantendo o trabalho em equilíbrio e de acordo com as
orientações do guia chefe; outro ogan tem sua atenção voltada à
assistência, onde fica atento sobre possíveis problemas ou olhares de
pessoas mal intencionadas; o terceiro ogan presta atenção de uma maneira
geral, auxiliando os outros ogans.
Alguns terreiros não permitem que mulheres sejam ogans alegando, “(...) que elas não poderiam usar os instrumentos sagrados por ficarem de pajé (menstruadas)”. porém, na umbanda, um indivíduo feminino tem totais condições de ser uma atabaqueira, sem problema algum.
Se
considerarmos que os Ogãs têm uma faculdade mediúnica musical, esta não
vem com o gênero, e sim com o espírito e este por ter origem na
essência divina, não tem sexo” .
Há
outros instrumentos que são usados nos trabalhos para auxiliar os
toques dos atabaques, como o agogo, chocalho, triângulo, etc.
É importante que os filhos
da corrente e a assistência participem das giras cantando , pois sem
essa união de forças dificultam o bom andamento do trabalho. Se não sabe
o ponto, preste atenção, pois normalmente eles são curtos e
repetitivos, fáceis de aprender. Para os pontos mais longos, que quase
não se repetem, ou mesmo para aqueles pontos que são cantados em giras
especiais, como de ciganos, marinheiros ou boiadeiros, os terreiros
muitas vezes deixam disponíveis pastas com os pontos escritos, e em
alguns casos, as pessoas se reúnem antes das giras para cantarem os
pontos e aprenderem aqueles que não sabem.
Não
é vergonha não saber os pontos, vergonha é não participar, não ajudar a
cantar , assim como achar que não tem voz boa pra cantar e por isso não
cantar. Cantar ajuda a todos, aos guias, aos médiuns, aos cambones, a
assistência, a afastar maus espíritos, más influências, miasmas no plano
astral, energias negativas, e atrai sempre bons fluídos, boas energias e
boas vibrações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário