Cambono é um secretário das entidades. Ele zela pelo bom
atendimento, ajuda a dinamizar as consultas, facilita o trabalho das entidades
e serve também como intérprete destas.
O cambono, na verdade, é um médium em desenvolvimento ou que
não incorpora. Também podem ser utilizados os outros médiuns em regime de
escala. O seu trabalho dentro do Templo é tão importante quanto o dos demais
médiuns e, mesmo sem estar incorporado, ele é parte integrante de todo o
trabalho espiritual, pois os Guias Espirituais se utilizam dele para retirar as
energias que serão utilizadas no atendimento aos consulentes. Muitas vezes, um
Guia Espiritual tem dificuldades de adentrar no íntimo do consulente devido à
densidade energética presente na pessoa e lança mão da presença do cambono e,
através deste, fazendo como que “uma ponte”, consegue auscultar o íntimo da
pessoa.
Como o trabalho do cambono é de secretário, ele deve, antes
de tudo e se possível com um dia ou mais de antecedência, deixar preparado
todos os apetrechos de trabalho que costumam ser utilizado pela entidade a qual
irá cambonear. Ele precisa saber os hábitos de trabalho da entidade em dias de
atendimento ou, se for a sua primeira vez, deve se informar sobre o que
precisará ter em mãos, caso seja pedido, evitando assim atrasos desnecessários
durante as consultas. O cambono, na verdade, precisa ter conhecimento de todo o
culto e de todas as entidades, precisando, então, prestar muita atenção à
atuação delas durante as giras.
Sempre que solicitado, o cambono deve ajudar as entidades a
se comunicarem com os consulentes, desde é claro, que seja treinado para isso e
também que seja muito atento a tudo o que a entidade solicitar.
Na verdade, o cambono, em alguns casos, poderá explicar de uma
forma mais simples ou mesmo interpretar o que for dito para que o consulente
não distorça as palavras das entidades. Lembre-se de que para este trabalho o
cambono deverá ser preparado em uma espécie de estágio nas Giras de
desenvolvimento para que possa saber como as entidades trabalham.
O cambono, antes de qualquer coisa, é pessoa de extrema
confiança do Pai ou Mãe da casa, assim como da entidade que estiver atendendo;
portanto, caso perceba qualquer coisa estranha, qualquer coisa que não faça
parte dos procedimentos normais, deve reportar-se ao Guia-chefe ou ao Pai ou
Mãe da casa na mesma hora. É por isso que é tão importante, e necessário, que o
cambono saiba todos os procedimentos de trabalho e todas as normas da conduta
que entidades e médiuns devem ter dentro do Templo.
O fato de auxiliar nas consultas exige que o cambono seja
discreto e mantenha sigilo sobre tudo o que ouvir, não se esquecendo de que ali
estão sendo tratados assuntos particulares e que não dizem respeito a ninguém
além da pessoa que estiver sendo atendida e da entidade. O sigilo é um
juramento de confiança que todo o cambono deve ter e fazer.
Sem a ajuda de um cambono, os trabalhos tornam-se lentos e o
atendimento aos consulentes ficaria difícil, principalmente se o Templo atender
um grande número de pessoas. Para que tudo transcorra de forma satisfatória, a
presença de um cambono é de grande necessidade dentro do Templo, mas este não
deve jamais confundir a entidade com a pessoa, isto é, ele é cambono do Guia
Espiritual e não daquele médium, que é apenas um irmão dentro do Templo. O que
ele pode, sim, é perguntar ao médium com o qual trabalha como deve proceder
para prestar um melhor atendimento à entidade durante os trabalhos.
Uma prática útil e aconselhável dentro de um Templo é a troca
de cambonos entre as entidades. Isto traz um maior aprendizado aos cambonos e
também faz com que estes se habituem a tratar todas as entidades da mesma
forma, sem criar laços afetivos exagerados. Desenvolver afeto pelas entidades é
comum, mas a afinidade espiritual só é saudável se não conduzir à dependência;
portanto, o chefe da casa poderá decidir-se pelo trabalho alternado e, nesse
caso, deverá fazer com que todos saibam disso com antecedência.
Obs: Somente o Guia-Chefe deverá ter um cambono fixo e da
confiança do sacerdote, pois provavelmente participará ativamente de todas as
resoluções tomadas em relação a médiuns e ao Templo. Normalmente, o Guia-Chefe
requer certa rapidez e presteza em seus atos e atendimentos, e só um cambono
fixo poderá se prestar eficientemente como auxiliar.
Materiais básicos que os cambonos precisam ter durante os
trabalhos:
Uma malinha (tipo mala de ferramentas), para colocar seus
apetrechos de trabalho.
Uma sacolinha, pendurada no pescoço, com todo o material
necessário para o atendimento imediato dos guias, como: isqueiro – caneta –
bloquinho de papel, etc.
Um pano de cabeça (se for de uso do seu Templo).
Uma toalhinha branca (para higiene).
Veja bem: esta é uma lista de material utilizada
normalmente. Desde que saiba qual entidade irá cambonear, o cambono deve saber
se ela usa materiais específicos, tais como ervas, velas, bebidas, ferramentas
de trabalho, etc. e se organizar junto ao médium com o qual trabalhará para ter
tudo por perto.
É importante saber que todo o material de uso das entidades
é de responsabilidade do médium que a incorpora e que o trabalho do cambono é
estar atento para que este material não falte ou acabe, devendo comunicar o
médium com antecedência quando o material estiver acabando.
Obs: O Cambono é um auxiliar do Templo e não um empregado
dos médiuns. A educação e a lisura devem estar presentes a todo instante.
O QUE É SER UM CAMBONO
Os Cambonos são médiuns de sustentação, e são tão
importantes quanto os médiuns ostensivos (de incorporação mediúnica) nos
trabalhos de uma Casa Umbandista; eles também devem seguir certos procedimentos
e ter a mesma dedicação e responsabilidade.
O Cambono, médium de sustentação, é aquele trabalhador, com
mediunidade ostensiva ou não, que está presente ao trabalho, mas que não
participa diretamente do fenômeno nem dos procedimentos de incorporação
mediúnica para atendimentos.
Como o próprio nome diz, embora não esteja envolvido
diretamente no fenômeno ou na assistência, faz a sustentação energética do
trabalho, mantendo o padrão vibratório elevado por meio de pensamentos e
sentimentos elevados.
Ao contrário do que se pensa, os médiuns cambonos de
sustentação são tão importantes quanto os médiuns de incorporação, pois são
eles que ajudam a garantir segurança, firmeza e proteção para o grupo e para o
trabalho, enquanto os médiuns de atendimento fazem a sua parte e desenvolvem o
trabalho assistencial.
Além disso, são eles também que ajudam os médiuns de
incorporação, como já foi escrito linhas acima.
Considerando esse papel, podemos listar alguns requisitos
importantes para os médiuns de sustentação:
Responsabilidade
Tanto quanto o médium de incorporação, o médium cambono de
sustentação precisa conhecer a mediunidade e tudo o que diz respeito ao
trabalho com a espiritualidade e as energias humanas, a fim de poder auxiliar
eficientemente o dirigente do trabalho e os seus colegas médiuns ou não.
Firmeza mental e emocional
Como é o responsável pela manutenção do padrão vibratório
durante o trabalho, o médium cambono de sustentação deve ter grande firmeza de
pensamento e sentimento, a fim de evitar desequilíbrios emocionais e
espirituais que poderiam pôr a perder a segurança do trabalho e dos outros trabalhadores.
Equilíbrio vibratório
Como trabalha principalmente com energias – que movimenta
com os seus pensamentos e sentimentos o cambono, médium de sustentação deve ter
um padrão vibratório médio elevado, a fim de poder se manter equilibrado em
qualquer situação e poder ajudar o grupo quando necessário.
Para isso, deve observar sempre a prática dos ensimanentos
do templo, ou algo similar, bem como a preparação necessária na noite que
antecede o trabalho e no dia propriamente dito, cuidando do descanso, da
alimentação, da higiene física e mental, dos banhos ritualísticos, da firmeza
da sua guarda, etc.
Compromisso com a casa, o grupo, os Guias Espirituais e os
assistidos
O cambono, médium de sustentação deve lembrar-se de que,
mesmo não tomando parte direta nas assistências, tem alguns compromissos a
serem observados:
• Com a casa que trabalha: conhecendo e observando os
regulamentos internos a fim de seguí-los. Explicá-los, quando necessário, e
fazê-los cumprir, se for o caso; dando o exemplo na disciplina e na ordem
dentro da casa; colaborando, sempre que possível, com as iniciativas e
campanhas da instituição.
• Com o grupo de trabalhadores em que atua: evitando faltar
às reuniões sem motivos justos, ou faltar sem avisar o dirigente ou o seu
coordenador; procurando ser sempre pontual nos trabalhos e atividades
relativas; procurando colaborar com a ordem e o bom andamento do trabalho.
• Com os Guias Espirituais: lembrando que eles contam também
com os médiuns cambonos de sustentação para atuar no ambiente e nas energias
necessárias aos trabalhos a serem realizados, e que, se há faltas, são
obrigados a “improvisar” para cobrir a ausência. Os Guias Espirituais devem ser
atendidos com presteza e respeito.
• Com os assistidos: encarnados e desencarnados, que contam
receber ajuda na Casa e não devem ser prejudicados pelo não comparecimento de
trabalhadores. Todos deverão ser recebidos e tratados com esmero, dedicação,
respeito e educação.
Ausência de preconceito
O cambono, médium de sustentação não pode ter qualquer tipo
de preconceito, seja com os assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os
dirigentes, mentores, etc.
Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que tem a
oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados da
melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.
Discrição
O cambono, médium de sustentação nunca deve relatar ou
comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos
quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A
discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos
envolvidos, encarnados e desencarnados, como também por segurança, para que
entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar a trabalhadores,
provocando desequilíbrios.
Os comentários só devem acontecer esporadicamente, de forma
impessoal, como meio de se esclarecer dúvidas e transmitir novas informações a
todos os trabalhadores, e somente no âmbito do grupo, ao final dos trabalhos.
Coerência:
Tanto quanto o médium de incorporação, o cambono, médium de
sustentação deve manter conduta sadia e elevada, dentro e fora da casa em que
trabalha, para que não seja alvo da cobrança de entidades desequilibradas, no
intuito de nos desmascarar em nossas atitudes e pensamentos.
Como vemos, as responsabilidades dos cambonos, médiuns de
sustentação são as mesmas que a dos médiuns ostensivos, e exigem deles o mesmo
esforço, a mesma dedicação e a mesma responsabilidade.
CONCLUSÃO
Como vimos, não é tão fácil ser um cambono. Para ser um, é
preciso aprender tudo sobre os Orixás, os Guias Espirituais, o Templo e,
principalmente, sobre a conduta que deve adotar para, depois, se for o caso,
ser um bom médium de incorporação e alcançar a evolução espiritual até o Pai
Maior.
Fonte: Trecho
extraído do livro: O ABC do servidor umbandista.
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