Certos vícios
anímicos propagam-se por vários médiuns, que na fase do seu desenvolvimento os
copiaram do médium principal do local onde iniciaram seus primeiros passos para
o despertar de sua faculdade. Trata-se, neste caso, de um animismo coletivo,
próprio de determinados trabalhos espíritas doutrinários ou mediúnicos ainda
incipientes.
Quando os candidatos a médiuns têm a sorte de
se colocar sob a direção de outros médiuns estudiosos, sensatos e avessos às
fórmulas, aos símbolos, às chaves ou ao fraseado pomposo, eles também
desenvolvem sua faculdade sem as excrescências anímicas que tanto obscurecem ou
ridicularizam a prática mediúnica.
Há médiuns que, devido ao estudo incessante
das obras espíritas e indagações esclarecedoras, progridem tão rapidamente no
primeiro ano do seu exercício mediúnico, que ultrapassam em conhecimentos e
experiências aquilo que os seus companheiros comodistas, preguiçosos,
displicentes ou setoristas não conseguem em 20 anos de trabalho. Estes últimos
vivem repetindo as comunicações fastidiosas tantas vezes repisadas, usando dos
velhos chavões e da eloquência sentenciosa de sempre, enquanto permanece vazio
de qualquer proveito espiritual o conteúdo do que transmitem.
Pensando que o
desenvolvimento mediúnico se resume na exclusiva operação de
"receber" entidades, eles se habituam à mesma chapa
mediúnica usada há vários anos, enquanto se cristalizam no animismo
improdutivo, que impede os guias de expor qualquer assunto novo aos encarnados,
pela impossibilidade de atravessarem o paredão granítico de um condicionamento
tão pobre de recursos intelectivos e de conhecimentos espirituais.
Em face do
"tabu" inescrutável, espécie de dogma espírita, de que tudo aquilo
que o guia diz ou ensina deve ser observado religiosamente, os médiuns novatos aceitam cegamente e sem
qualquer pesquisa corajosa o que expõe o médium senhor do trabalho, que também
pode ensinar tolices à guisa de conceitos de elevada filosofia espiritual. Em consequência,
em breve surge o animismo coletivo, resultando em cópias fiéis dos mesmos chavões,
habituais de aberturas de trabalho, das preleções pomposas, dos cacoetes
mediúnicos e os tons de voz dramática e altissonante.
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