Cada tradição explica o Anjo da Guarda de uma forma diferente, embora nos sejam mais familiares os conceitos do Judaísmo e Catolicismo. Mas é fato que já existia este conceito nas culturas suméria, babilônica, persa (zoroastrismo) e outras da Mesopotâmia, no Oriente Médio antigo.
No Espiritismo (Doutrina de Allan Kardec), além de Deus, todas as formas de vida seguem uma mesma e única via de origem e evolução: tudo que vive é, foi ou será espírito. Logo, anjos são espíritos e anjo da guarda é um “espírito tutelar”, que muitos confundem com seu “espírito protetor”, “guia espiritual” ou “mentor”.
O esoterismo se apropriou dos 72 nomes de Deus na Cabala Hebraica, que são potências de Adonai, atribuiu vogais para estes “nomes potencias” e os identificou como “anjos”, fazendo surgir uma tabela com nomes de anjos (72 anjos) relacionados com os 365 dias do ano, em que se faz identificar pela data de nascimento o nome de seu anjo e quais suas qualidades. Embora em todas as tradições antigas anjo da guarda não tenha nome conhecido, passou-se a identificar estes nomes de anjos como sendo a identidade dos “anjos da guarda”. Este conceito surgiu em torno do século XVII na obra de cabalistas cristãos e se popularizou pela Alta Magia Cabalista Cristã de Papus e Eliphas Levi.
Dentro do modelo católico, São Tomás de Aquino foi considerado “Doutor Angélico” e estruturou (ou codificou) os conceitos oficiais desta Igreja sobre o que são ou quem são os anjos. Archibald Joseph Macintyre em seu livro “Os Anjos, Uma Realidade Admirável” apresenta de forma resumida as condições da questão CXIII da Suma Teológica, que é de São Tomás de Aquino, como podemos ver abaixo:
1 – Os homens são custodiados pelos Anjos. Isto porque, como o conhecimento e as aflições dos homens podem variar muito, vindo a desencaminhá-los do Bem, foi necessário que Deus destinasse anjos para a guarda dos homens, de modo que, por eles, fossem homens orientados, aconselhados e movidos para o Bem. Pelo afeto ao pecado, os homens se afastam do instinto do Bem natural e do cumprimento dos preceitos da Lei positiva e podem também desobedecer às inspirações que os anjos bons lhes dão invisivelmente, iluminando-os para que pratiquem o Bem. Por isso, se um homem vem a perder-se, isso se deve atribuir à malícia do homem e não à negligência ou incapacidade do Anjo da Guarda.
2 – A cada homem custodiado corresponde um “anjo custódio” distinto. Cada anjo tem sob sua responsabilidadeuma alma que lhe compete procurar salvar.
3 – O anjo da guarda livra constantemente seu protegido de inumeráveis males e perigos tanto da alma quanto do corpo, dos quais o homem não se dá conta. Vimos como Jacob se dirigiu a José (Gen – 48,10): “Que o Anjo que me livrou de todos os males abençoe a essas crianças.”
4 – O anjo da guarda impede que o demônio nos faça o Mal que desejaria fazer. Lembremo-nos da história de Tobias mencionada neste e no capítulo 3.
5 – O anjo da guarda suscita continuamente em nossas almas pensamentos santos e conselhos saudáveis (conforme se lê em Gen – 16,18; At. 5,8,10).
6 – O anjo da guarda leva a Deus nossas orações e pedidos, não porque Deus, onisciente, necessite disso para conhecê-los, mas para que ouça benignamente. Implora por iniciativa própria os auxílios divinos de que iremos necessitar, sem que disso nos demos conta e sem que, muitas vezes venhamos a saber que recebemos esses auxílios (ver Tobias – c.3 e 12; Atos – c.10).
7 – O anjo da guarda ilumina nosso entendimento, proporcionando-nos as verdades, de um modo mais fácil e compreensível, mediante o influxo que pode exercer em nossos sentidos interiores.
8 – O anjo da guarda nos assistirá particularmente na hora da morte quando mais dele iremos necessitar.
9 – Os anjos da guarda, segundo opinião piedosa de grandes teólogos, acompanham as almas de seus protegidos ao Purgatório e ao Céu depois da morte, como acompanhavam as almas dos antigos patriarcas ao “Seio de Abraão”, expressão que simboliza a união com o pai. De fato, a Igreja apoiando e confirmando essa crença, na cerimônia da encomendação da alma a Deus, ao descer o corpo à sepultura, como última oração, reza: “Ide a seu encontro Anjos do Senhor; recebei sua alma e conduzi-a à presença do Altíssimo (…); que os Anjos te conduzam ao seio de Abraão”.
10 – O anjo da guarda, ainda, segundo a opinião de muitos teólogos, atendem às orações dirigidas pelos fiéis à alma de seu custodiado quando esta se encontra no purgatório, “em estado não de socorrer, mas de ser socorrida” (2-2 Q.83 a. 11. ad 3). Por isso, as súplicas dirigidas às almas do purgatório são das mais eficazes, pois são impetradas pelo anjo da guarda da alma a quem se recorre.
11 – O anjo da guarda acompanhará eternamente no Céu a seu custodiado que alcançou a salvação, “não mais para protegê-lo, mas para “reinar com ele” (1.Q.113 a.4) e “para exercer sobre ele algum mistério de iluminação” (1 Q, 108 a. 7 ad 3).
12 – O anjo da guarda não pode livrar-nos das penas e cruzes desta vida, enquanto Deus em sua infinita bondade as tiver mandado ou permitido, para nossa provação, santificação e purificação. Mas nos ajudará a suportar pacientemente, resignadamente e até mesmo alegremente as provações, encaradas como nossa modesta participação de solidariedade no Mistério da Redenção da Humanidade, o qual se realizou plenamente no Sacrifício do
Calvário, com a morte de Jesus.
Calvário, com a morte de Jesus.
13 – O anjo da guarda nos protege contra a malícia humana, a injustiça, a hipocrisia, a falsidade, a mentira, a injustiça e os ciúmes daqueles que nos querem prejudicar. Sua veneração e invocação sempre nos hão de valer.
ANJO DA GUARDA NA UMBANDA
Na Umbanda podemos dizer que anjo da guarda é um mistério de Deus. Não é um espírito familiar, não é uma presença que tenha uma identidade humana, nem característica humanas. Poderíamos defini-lo como um “ser-mistério”, semelhante a uma divindade menor e pessoal dedicada ao seu tutelado. Cada um de nós tem o amparo de um anjo da guarda dedicado, o que guarda semelhanças com o conceito de Orixá pessoal, aquele acompanha, incorpora e guia seus médiuns.

Como proceder: Acenda a vela branca e segure-a com a mão direita à frente e acima da cabeça, faça este clamor: “Eu clamo a Deus, sua Lei Maior e sua Justiça Divina! Invoco meu Anjo da Guarda e ofereço a vós esta vela, peço que a imante, cruze e consagre em vosso poder se fazendo presente através dela em minha vida, em meu coração, palavras e mente!”
Encoste a vela em cima de sua cabeça e imagine a luz dela alcançando o infinito, no alto onde se encontra seu anjo da guarda com o Altíssimo, a luz sobe como um facho e quando alcança o anjo, a luz Dele desce por este facho o iluminando ainda mais até alcançar o alto de sua cabeça, entrando por seu corpo de dentro para fora e de fora para dentro o envolvendo todo em sua luz, neste momento dê sete voltas em sentido horário com a vela acima de sua cabeça.
Após feito isso coloque a vela em local seguro. Este pires pode estar num altar, acima de uma mesa ou no chão, pois o que importa é que no ato de acender e clamar a vela estava acima de sua cabeça, agora basta firmá-la em um local seguro. Pode ainda oferecer água e mel pedindo:
Meu anjo da guarda, vos ofereço esta água e este mel para que me proteja e envolva meu corpo material, astral e espiritual em vossos eflúvios e irradiações. Me inspire bons pensamentos e ações, afastando o Mal de minha vida. AMÉM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário